segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Liberdade Vigiada

O evento mais marcante da História contemporânea do Brasil é sem duvida o golpe militar de 1º de abril de 1964. A interpelação da ordem democrática pelos militares golpistas gerou abalos na vida nacional em todos sentidos: na esfera política, econômica, social e cultural, principalmente para aquelas pessoas que não batiam continência, e descordavam dos rumos que a “nação” era conduzida. Na esfera política a perseguição aos inimigos do “estado” foi imediato, o alvo principal eram os demônizados comunistas, ou pessoas de orientação de esquerda ou qualquer um que descordasse do regime. No campo cultural viveu-se uma certa liberdade de criação nos primeiros 4 anos do regime, e, este acabou tornando-se um instrumento ideológico da luta contra a ditadura. Não podemos deixar de observar que o campo cultural foi o maior exemplo da chamada liberdade vigiada. O regime contava com uma “comunidade de informações”, como DOPS, SNI, que eram responsáveis pela vigilância e controle das manifestações publicas e culturais. A obsessão pela vigilância como forma de prevenir a atuação “subversiva”, sobretudo naquilo que os manuais da Doutrina de Segurança Nacional chamavam de propaganda subversiva e guerra psicológica contra as instituições “democráticas e cristãs” uma lógica da suspeita. Uma conversa mal entendida em um boteco, um livro debaixo do braço, uma roupa, cabelo, barba mal feita, um curso universitário, tudo poderia transformar o cidadão em inimigo potencial do regime. Essa produção da suspeita elaborada pelos espiões da comunidade de informações não apenas alertava o governo e os serviços de repressão para situações reais de contestação ao regime, mas através de intermináveis relatórios subjetivos, elaboravam perfis, potencializavam situações criavam conspirações que independentemente da verossímidade das informações acabavam por justificar a própria existência desses serviços. O alvo preferido desses relatórios eram os artistas da chamada MPB, sigla que a partir de meados da década de 60 congregava a música de matriz nacional popular, declaradamente contra o regime militar.
Em um próximo artigo falaremos dos artistas que freqüentavam esse relatórios e seus desdobramentos.

Seja Bem Vindo!


Olá queridos, amigos é com imensa felicidade que ponho em prática uma idéia a tanto planejada. Ter um espaço para compartilhar pensamentos, sentimentos, conversar sobre história e cultura brasileira. Espero que esse seja um espaço de liberdade e ilustração onde passaremos momentos agradáveis falando sobre questões pertinentes a nossa formação cultural, às vezes tão maltratada. Anseio ter a humildade e competência para conduzir as discussões aqui propostas. Sejam todos bem vindos!