A partir de meados da década de 70, coincidindo com a fase da “abertura” política do regime militar, a produção musical brasileira vivenciou um novo impulso criativo comercial. Consolidada como uma verdadeira instituição sociocultural, a música brasileira delimitava espaços culturais, hierarquias de gosto, expressava posições políticas.
Por volta de 1978, a música brasileira, compreendida em todas as sua variáveis esferas de influencia social, readquiria a sua vitalidade como instituição sociocultural e seu caráter aglutinador dos sentimentos da oposição civil. Sua penetração em faixas de públicos mais amplas, fora dos extratos mais intelectualizados da classe média alta, desempenhou um importante papel na ‘educação sentimental’ e política de uma geração inteira de jovens, principalmente: a chamada geração AI-5.
O Brasil dos 80, no que se refere à produção musical assistiu a volta do rock ao cenário da música popular brasileira. Após uma trajetória um tanto conturbada, passando por versões e aventuras quase infantis da Jovem Guarda, pelas experimentações tecnológicas dos Mutantes, pela trilha progressiva com pitadas do rural dos mineiros do Clube da Esquina, pela ousadia poética dos Secos & Molhados e pela difícil realidade econômica das bandas do cenário independente dos anos 70, o rock chega aos anos 80 como um produto bastante viável para os interesses mercantis das gravadoras. Os responsáveis por essa nova fase do rock brasileiro procedem basicamente de duas estirpes: uma olhada rápida nos integrantes desta maré de rock de novo no Brasil dá-se para observar suas origens: metade vinha exatamente da maré anterior, o cenário independente, eram veteranos que nunca tinham deixado de lado suas preferências musicais. A outra metade eram gente jovem demais para terem conhecido qualquer outro tipo de rock a brasileira, que começavam suas carreiras nestes primeiros anos 80. No Rio, a viabilização do rock era favorecida por dois veículos: uma rádio de Niterói, auto denominada como ‘A Maldita’, exclusivamente dedicada ao gênero e um espaço de encontro e intercambio de tendências, o Circo Voador. O Circo Voador, um misto de grupo teatral, artistas de circo, atores performáticos e comunidade alternativa que causou furor no Rio de Janeiro no início de 1982. Os espetáculos realizados debaixo de uma lona azul e branca, na praia do Arpoador, marcaram época.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
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