segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CPC: Centro Popular de Cultura



O universo cultural dos anos 60 vivia uma espécie de maniqueísmo, ou se fazia arte engajada, ou se fazia arte alienada. Para os que faziam a tal arte engajada o CPC da UNE foi um verdadeiro norte para a atividade artística. Muitos compositores-intérpretes, influenciados pelos mais diversos gêneros musicais, aglutinaram-se em torno de Carlos Lyra, um dos mais apaixonados militantes do Centro Popular de Cultura. O CPC foi fundado no Rio de Janeiro, em 1961-1962, junto à sede da União Nacional dos Estudantes, em Botafogo, bairro da cidade do Rio de Janeiro. Entre os objetivos do CPC constava o de deslocar o sentido comum da música popular, dos problemas puramente individuais para um âmbito geral. O compositor se faz interprete esclarecido dos sentimentos populares. Na fase inicial do movimento cepecista, Carlos Lyra e Edu Lobo, dentre outros, empolgaram-se com a nova proposta pedagógico-política e revolucionária defendida pelos ideólogos do CPC (Oduvaldo Vianna Filho, Chico de Assis, Armando Costa, Paulo Pontes, Ferreira Gullar) e escreveram canções de matizes técnico-ideológicos muito genéricos, procurando resolver conforme as suas concepções de mundo e da arte, as inúmeras contradições entre o projeto estético (musical) e ideológico. O surgimento do manifesto do CPC/UNE (redigido por Carlos Estevan Martins), em fins de 1962, tentava disciplinar a criação engajada dos jovens artistas. Como tarefas básicas, na medida em que o governo João Goulart assumia as Reformas de Base como sua principal bandeira, o CPC se dispunha a desenvolver uma consciência popular como base da libertação nacional. As denúncias sociais tornaram-se temas das canções de protesto. Era preciso conscientizar o povo brasileiro, em geral, através de críticas contundentes sobre a situação do favelado e do sertanejo. A chamada canção de protesto, escrita por dezenas de compositores durante os anos 60, num primeiro momento, representava uma possível intervenção política do artista na realidade social do país, contribuindo assim para a transformação desta numa sociedade mais justa almejando induzir, implícita ou explicitamente, através de suas canções, algumas práticas revolucionárias, a partir de suas mensagens.

3 comentários:

  1. professor, qualquer material que tiver em meu blog vc pode pegar a vontade...
    Abração

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  2. MUITO BOM!
    Talvez nos anos 60 as críticas surtissem algum efeito, o que não vale é perder a esperança...

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  3. Não gosto de rubem Alves, mas diz ele: "quem canta é mais perigoso de quem só pensa". Contudo, a grande mídia continua boicotando o artista que propoe música consciente ou que propoe um levante de nossa cultura, tornando muitos artistas undergrounds. Particularmente gosto de metal pesado, mas tenho conhecido sons a se valorar, mas que não é comum na mídia. Resistir, será esse ainda o lema?

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