quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Eterno Metamorfose Raul Seixas



Com o exílio da vanguarda da MPB na década de 70, abriu-se neste momento um espaço para o rock ‘tupiniquim’, surgindo assim as primeiras tentativas de fundir esta influência com a nossa música, a exemplos de produções como a do chamado rock rural, representado por músicos como Sá, Rodrix, e Guarabyra, e o movimento mineiro, Clube da Esquina, o baiano Raul Seixas, o grupo Novos Baianos, e todo um cenário de músicos independentes desenhado principalmente em São Paulo.

O baiano Raul Seixas foi responsável por uma incrível popularização do rock no Brasil, recendo influencias de Luiz Gonzaga a Elvis Plesley, constituiu uma produção musical anárquica, pautada no bom humor e nas críticas ácidas. Recebendo influencias do tropicalismo e da música internacional, fundiu elementos do rock'n roll com todas as variações rítmicas brasileiras, do xote ao baião, ajudando a criar a cara do rock nacional. Sua música "Let Me Sing Let Me Sing" foi uma das classificadas no FIC (Festival Internacional da Canção) de 1972. Logo em seguida é contratado pela Philips, que lança seus primeiros grandes sucessos, “Ouro de Tolo”, “Metamorfose Ambulante”, “Al Capone” e “Mosca na Sopa”. Sua história é percebida através de 21 discos gravados, a propagação da idéia de uma “sociedade alternativa”, que pregava a felicidade no tempo presente, o ser feliz fazendo o que se deseja fazer, esta atitude o levou a ser convidado a se exilar do país, visto que era visto como uma ameaçava a moral e os bons costumes do país dos generais.
Raul dizia que usava a música para expressar o seu pensamento: “Minha fé não muda, tenho minhas convicções, continuo usando a minha música como veículo para as coisas que eu penso. Falo de mim mesmo, tudo que canto ou escrevo é o que acredito. Sou mais um escritor que um músico”.
Raul foi a maior expressão, comercialmente conhecida, da contra cultura brasileira. Seu comportamento anárquico era mais que uma forma de expressar um pensamento, um comportamento artístico, era uma forma de sentir, de viver.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Eu quero uma casa no campo



Os anos 70 sofram marcados, como já mencionei em artigos passados, pela “égide do fim de um sonho, revolução comunitária, mundo igualitário, foram sucumbidos no próprio contexto mundial desenhado pela guerra fria, como exemplo mais próximo; a repressão do bloco capitalista, em vigência até os dias de hoje pelos Estados Unidos, “defensor” implacável da liberdade e da democracia, a Cuba, guerra do Vietnã, a expansão soviética, os atos terroristas do IRA; e num contexto nacional: o acirramento do regime militar, AI-5, perda da liberdade do cidadão, exílio das principais personalidades artísticas e intelectuais de oposição, ou de mera contestação, o aniquilamento das resistências armadas ao regime, as guerrilhas , como a do Araguaia, que teve todos, ou melhor quase todos seus envolvidos executados. Este cenário levou a muitos jovens a buscarem um estilo de vida fora dos padrões estabelecidos pela sociedade, numa tentativa de fuga do “American way off life”, imposto em toda a sociedade moderna ocidental dependente.
Esta busca trilha vários caminhos, ou como alguns acham mais apropriado, várias trips, pois se constituía em uma fuga da sociedade em “comunidades alternativas”, ou na busca de uma libertação individual, seja através do misticismo, principalmente o orientalismo, ou pelas drogas, principalmente as psicodélicas.

Esta atitude de fuga e contestação à sociedade, seu modo de vida, no qual o indivíduo é um mero reprodutor de força de trabalho, bebendo na fonte de Karl Marx, autor bastante lido nas décadas de 60 e 70, sua necessidade de consumo, a imposição cultural pela mídia, lembrando que nos anos 70 a televisão se firmava como o veiculo de comunicação mais importante em “detrimento” ao rádio, recebeu o nome de contracultura.
A contracultura foi um fenômeno mundial, de origem nos Estados Unidos, com as manifestações contra a guerra no Vietnã, expandiu-se pela Europa, e América Latina. O hippismo e um pouco mais tarde o punk são frutos da contracultura. No Brasil observamos manifestações deste movimento em vários setores culturais.