O Brasil dos anos 60 passou por diversas mudanças em sua vida política. O processo de democratização política e social, que obteve grande mobilização popular em apoio às reformas de base, propostas pelo presidente João Goulart, foi interrompido pelo golpe militar de 1964 que se desencadeou na implantação de um regime militar, provocando uma reviravolta na vida política do país. A decretação dos Atos Institucionais e Complementares (mecanismo pelo qual o governo militar disponibilizava para governar sem respaldo constitucional e do Congresso), como o AI-2 e o Ato Complementar nº1, dentre outros que abordaremos em momentos mais adequados, estabelecia eleições indiretas para a Presidência, a dispersão dos partidos políticos, estabelecendo a existência de apenas dois partidos políticos, a Arena, partido de apoio ao governo e o MDB, (Movimento Democrático Brasileiro) partido de oposição moderada ao governo. Diante deste cenário de repressão política o caminho das artes se mostraram viáveis para a expressão política.
Como vimos em matéria passada, a bossa nova foi a expressão de uma mudança da conceituação da música popular brasileira, com sua mudança rítmica e temática do samba. Esta mudança de temática se consolida com elementos de uma preocupação social, coletiva presente mais consistentemente na chamada música engajada, nascida no seio da bossa nova. Os temas: garotas de Ipanema, os barquinhos, as flores, para alguns jovens de esquerda era um bom sinal da submissão ao imperialismo capitalista. O primeiro compositor ligado a bossa-nova a demonstrar inquietação em fase do excesso de informação cultural estrangeira no movimento foi Carlos Lira. As primeiras músicas consideradas de protesto ou engajadas foram: Zelão, de Sergio Ricardo, e Quem Quiser Encontrar O Amor, Geraldo Vandré e Carlos Lyra. Estas músicas traziam alguns elementos que rompiam com o estilo de João Gilberto, mantendo a sofisticação instrumental, tal como a complexidade harmônica e sutileza vocálica.
A chamada música engajada ou de protesto tornou-se o primeiro sinônimo de MPB (música popular brasileira) como expressão de um país representado em todas suas particularidades regionais, como a vida no sertão nordestino e nas favelas e suas necessidades políticas.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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