quarta-feira, 7 de abril de 2010

Paz Amor e Repressão


Nos anos 70 observamos um anseio por uma revolução individual, interna partindo de cada um, como denominou Tom Wolfe: os anos 70 como ‘A Década do Eu’. Ou seja, depois dos anos 60, em que a vida comunitária foi a chave, as pessoas começavam a se voltar para si mesmas, para uma espécie de ‘novo individualismo’, ou até, como queriam muitos, ‘novo egoísmo’. A palavra de ordem era a subversão da ordem vigente, o rompimento das amarras das regras do sistema, orientalismo, expansão da mente, contracultura, a necessidade de se fazer uma nova cultura. Este cenário descrito pode começar a ser entendido no Brasil, com a implantação do AI-5, em dezembro de 1968, o qual representa o endurecimento do regime militar vigente. Através deste implantou-se a censura prévia, feita em geral por militares. Os setores que mais sentiram os efeitos desta foram a imprensa e o setor cultural, toda publicação passava pelos sensores que decidiam o que seria publicado ou não. Na produção musical não era diferente, as músicas não podiam ser gravadas sem a aprovação previa da censura, aplicando-se esta medida as produções cinematográficas e televisivas. Este ambiente restritivo vivido após 1968 levou vários artistas ao exílio, muitas vezes forçados para fora do país. A exemplo de Caetano e Gilberto Gil, principais expoentes da Tropicália, foram presos e exilado em Londres.

No inicio dos anos 70 vivia-se também a égide do fim do sonho, cantada por Lennon, a revolução comunitária se tornava cada vez mais utópica, tanto no contexto mundial tendo seu cenário composto por guerras como a do Vietnã, corridas espaciais, guerra fria, quanto no contexto nacional, vivendo sob as regras de um regime militar autoritário e repressor. Esta situação como observou Ana Maria Bahiana, levou muitos a buscarem uma revolução individual de dentro para fora, a partir de cada um, subvertendo as regras do sistema, rompendo as amarras. Cabelos compridos, orientalismo, o nirvana aqui e agora. Muito som e muito sol, curtir a pele, viajar em todos os sentidos desta palavra, abandonar as cidades. Paz amor e arroz integral. Na cabeça a semente de uma nova raça. A cultura e a civilização que se danem, como já havia berrado o Tropicalismo.

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